sábado, 30 de novembro de 2019

SACRIFÍCIOS DE ANIMAIS OS TERREIROS DE UMBANDA.

SACRIFÍCIOS DE ANIMAIS OS TERREIROS DE UMBANDA.

(Extraído do livro Umbanda Pé no Chão pelo Espírito Ramatis, psicografia de Noberto Peixoto)

"Aos que muito sabem e ambicionam, muito será cobrado"

- Qual vossa opinião sobre o sacrifício de animais na umbanda?

Ramatís: - A umbanda não recorre aos sacrifícios de animais para assentamentos vibratórios dos orixás nem realiza ritos de iniciação para fortalecer o tônus mediúnico com sangue.
Não tem nessa prática, legítima de outros cultos, um dos seus recursos de oferta às divindades. A fé é o principal fundamento religioso da umbanda, assim como em outras religiões. Suas oferendas se diferenciam das demais por serem isentas de sacrifícios animais, por preconizarem o amor universal e, acima de tudo, o exercício da caridade como reverência e troca energética junto aos orixás e aos seus enviados (os guias espirituais). É incompatível ceifar uma vida e ao mesmo tempo fazer a caridade, que é a essência do praticar amoroso que norteia a umbanda do Espaço. Toda oferenda deve ser um mecanismo estimulador do respeito e união religiosa com o Divino, e daí com os espíritos da natureza e os animais, almas-grupo que um dia
encarnarão no ciclo hominal, assim como já fostes animal encarnado em outras épocas.

- Mas, e os dirigentes de centros que sacrificam em nome da umbanda?

Ramatís: - Reconhecemos que na mistura de ritos existentes, nem tanto nas práticas mágicas populares, dado que templos iniciáticos vistosos matam veladamente para fazer o "indispensável" ebó ou padê de "exu", se confundem o ser e o não ser umbandista. Observai a essência da Luz Divina (fazer a caridade) e sabereis separar o joio do trigo. Tal estado de coisas reflete a imaturidade e despreparo de alguns dirigentes que se iludem pela pressão de ter de oferecer o trabalho "forte". As exigências de quem paga o trabalho espiritual e quer resultados "para ontem" acabam impondo um imediatismo que os conduz a adaptar ritos de outros cultos ao
seus terreiros. Na verdade, há uma enorme profusão de rituais que é confusa, refletindo o estado da consciência coletiva e o sistema de troca com o Além que viceja o "toma lá da cá". Toda vez que um médium aplica um rito em nome do Divino e sacrifica um animal, interfere num ciclo cósmico
da natureza universal, causando um desequilíbrio, pois interrompe artificialmente o quantum de vida que o espírito ainda teria de ocupar no vaso carnal, direito sagrado concedido pelo Pai. Pela Lei de Causa e Efeito, quanto maior seu entendimento da evolução espiritual (que inexoravelmente é diferente da compreensão do sacerdote tribal de antigamente), ambição pelo ganho financeiro,
vaidade e promoção pessoal, tanto maior será o carma a ser saldado, mesmo que isto aparentemente não seja percebido no presente. Dia chegará em que tais medianeiros terão de
prestar contas aos verdadeiros e genuínos "zeladores" dos sítios sagrados da natureza que "materializam" os orixás aos homens e oportunizam os ciclos cósmicos da vida espiritual, ou melhor, as reencarnações sucessivas das almas em vosso orbe.

- Qual a diferença entre matar um animal nos ritos mágicos e utilizar esse mesmo animal como alimento, já que estaríamos interrompendo o mesmo "quantum" de vida que o espírito ainda teria de ocupar no vaso carnal, direito sagrado concedido pelo Pai?

Ramatís: - Muitos se alimentam dos animais e sequer acreditam em reencarnação. A cada um é dado o tempo necessário para a dilatação da consciência ante às verdades espirituais. Quanto às equânimes leis cósmicas, a mortandade impessoal automatizada nos frigoríficos modernos para saciar a fome animalesca de uma coletividade insaciável difere do ato individual do sacerdote que mata e orienta um agrupamento mediúnico. A responsabilidade do líder religioso é enorme. Quanto mais se beneficia da energia pelas vidas ceifadas dos irmãos menores para prejudicar os
outros em favor próprio, mais irá agravar a sua prestação de contas nos tribunais divinos.
Não somos afeitos a estabelecer sentenças. Mas certamente a avaliação de quem sacrifica em nome do Sagrado, num rito de determinado culto religioso em que ainda persistem usos e
costumes por questão de fé ancestral, será feita, caso a caso, por quem tem competência no Astral superior.
Os compromissos daqueles que extinguem uma vida num rito mágico qualquer é proporcional à consciência que o conhecimento propicia. Quanto maior o saber, tanto mais dilatada as conseqüências dos atos de cada espírito, seja encarnado ou não.

- Qual a vossa opinião sobre o fato de alguns dirigentes proibirem médiuns carnívoros de trabalhar em seus centros?

Ramatís: - Há de se considerar que quando julgais verticalmente o ato do próximo, indicando defeitos e sentenciando o que é certo ou errado na conduta alheia, deixais vosso candeeiro embaixo da goteira. As determinações sectárias de alguns dirigentes espirituais
encarnados, proibindo médiuns carnívoros de trabalhar, é qual gotejamento que "apaga" a tênue luz crística que tendes em vós, já que a imposição dessa falsa igualdade não conscientiza amorosamente e sim exercita o orgulho de considerar-se melhor, mais evoluído e superior ao outro.

- Percebemos que várias lideranças umbandistas aceitam os sacrifícios animais e a
cobrança para angariar simpáticos ao seu modelo de umbanda. Como interpretar isso?

Ramatís: - A sede de poder e a disputa ensandecida de domínio perante a comunidade umbandista, ainda entontecida pela difusão de fundamentos jogados diuturnamente nas mais
diversas formas de mídia que disfarçam no Sagrado a venalidade de certos sacerdotes, impera nessas lideranças que travam verdadeira guerra para impor o seu modelo teológico. Assim, persistem numa busca ferrenha de adeptos para ter o rebanho maior, qual pastor que pula o seu
cercado para pegar as ovelhas do vizinho. Não importa se o do lado cobra, raspa, corta e mata. O que vale é aumentar os adeptos, qual "guru" de outrora que impressionava as multidões ao amansar tigres e cobras.
Lembrai-vos de que quanto maior a inteligência e a consciência, maior pode ser a ambição. Aos que muito sabem e ambicionam, muito será cobrado pelos orixás.


Nenhum comentário:

Postar um comentário